Nuno Miguel Henriques: “Eu sou do PSD. Não sou apartidário”

Vereador social-democrata desmentiu candidatura por outro partido e lançou críticas ao PSD de Alenquer e à candidatura de Francisco Guerra à Câmara Municipal de Alenquer. Declarações surgem na sequência do comunicado divulgado pelo vereador na semana passada.

À Voz de Alenquer, o vereador municipal eleito pelo PSD, Nuno Miguel Henriques, prestou declarações acerca do atual mandato e do seu percurso no concelho, criticando o PSD local e a forma como foi conduzido o processo de apoio à candidatura de Francisco Guerra, cabeça de lista ao município pelo TODOS – PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal.

Antes do balanço, e dado o lançamento da candidatura de Francisco Guerra, que inclui o nome do PSD, Nuno Miguel Henriques esclareceu que não será candidato por qualquer outro partido ou movimento. “Eu sou do PSD e não aceito lições de social-democracia de ninguém que não tenha autoridade para tal. Tenho 30 e tal anos de militância, mas de militância ativa. Tenho participação em órgãos nacionais, em órgãos distritais, em órgãos concelhios, já da JSD, dos autarcas sociais-democratas […] Tenho várias moções aprovadas em congressos nacionais, das quais fui autor, contribuo com pensamento próprio, defendi em vários sítios sempre o PSD e portanto é o meu partido, sempre”, sublinhou o vereador, acrescentando que “eu não me identifico apartidário, não digo que sou movimento cívico de nada, que são ‘pseudo-cívicos’, a não ser dos interesses instalados. Identifico-me e sempre me identifiquei com a cor, cor de laranja, do PSD”. Com estas declarações, Nuno Miguel Henriques negou a informação que chegou a circular de que seria candidato por outro partido, nomeadamente do CHEGA, ou como independente.

O vereador do PSD recordou as críticas feitas a membros da estrutura local do partido, relativamente ao apoio a uma candidatura contrária à sua em 2021: “Os três primeiros nomes que fazem parte da comissão política, a presidente e os vice-presidentes, por exemplo, tiveram uma postura com uma candidatura adversária, nas últimas eleições autárquicas, à do PSD, um candidatando-se, os outros subscrevendo”, disse, afirmando que “a social-democracia está em causa no nosso território”. Nuno Miguel Henriques recordou ainda episódios como as condicionantes que teve na campanha em 2021, período pandémico, e o rompimento da coligação com o CDS-PP, alegando que “quiseram fazer tudo para destruir o PSD e continuam a fazê-lo, com outros métodos, por interesses instalados ou não”. “Fiz um programa com medidas concretas, centenas de medidas concretas, muitas delas aplicadas até pelo Executivo, outras não. Estava tudo pronto nesta altura, e tínhamos os cabeças de lista apresentados às freguesias todas, tínhamos tudo pronto”, acrescentou. “Vivíamos noutros tempos”, disse, sublinhando que o apoio de membros do PSD local a uma candidatura adversária à do partido deixou “o PSD de Alenquer sem comissão política e à deriva. Aqueles que deviam ter dito presente não foram capazes de remar e ir para a frente do barco e tiveram de chamar alguém que disponibilizou para vir salvar o PSD de Alenquer”.

A candidatura de Francisco Guerra

“Eu quero o PSD nos boletins de voto. Quero a social-democracia nos boletins de voto e o PSD é que tem de liderar, não são os outros que vêm, como se nós não tivéssemos cabeças ou não tivéssemos ideias ou força, militantes e simpatizantes capazes”, começou por criticar Nuno Henriques, destacando os apelos que ouve das pessoas e referindo que tem conhecimento técnico, autárquico e do território, mesmo não sendo candidato.

Sobre a candidatura da coligação TODOS, apoiada pelo PSD, pelo CDS-PP e pela Iniciativa Liberal, o vereador social-democrata disse que “nós fomos enganados […] disseram que havia uma candidatura do PSD, eu sempre quis uma candidatura do PSD e disseram que não era uma candidatura do TODOS”, recordando que o que foi dito em plenário foi que haveria uma candidatura do PSD e com um candidato do partido e “nunca do movimento cívico”. “O meu percurso e a minha coerência dizem-me que quando as pessoas querem ser candidatas independentes devem sê-lo, mas como independentes, não a pendurar-se nos partidos”, continuou o vereador, afirmando que as candidaturas independentes têm o direito de o ser, mas sem usar “os partidos como barriga de aluguer para os seus próprios interesses”.

Focando-se no movimento em questão, Nuno Miguel Henriques afirmou que o mesmo “não tem história, a história não se faz em poucos meses”, numa crítica que se estendeu ao facto de o movimento se dizer apartidário e à própria comunicação feita em torno da candidatura de Francisco Guerra. “Comuniquei também à senhora presidente da comissão política concelhia, por escrito, que não poderia haver financiamento do PSD para cartazes, mupis e outdoors onde o PSD não é mencionado. Faz parte da própria lei dos financiamentos dos partidos políticos e das entidades reguladoras”, avançou o vereador, dizendo que esta comunicação “não é propaganda [política], é publicidade” e que as denúncias que tem recebido foram encaminhadas ao presidente da Câmara e ao coordenador da Polícia Municipal. A ausência da identidade, dos logotipos e do nome do partido foram também apontadas pelo vereador, que considera que “não podemos ser do partido quando nos convém, para termos as benesses inerentes, e não podemos deixar de ser do partido quando nos convém, porque se tem vergonha de apresentar o PSD”.

O futuro no concelho

Para Nuno Miguel Henriques, o PSD em Alenquer “não existe, não há praticamente militantes. Existe um conjunto de pessoas que se inscreveram para bloquear o trabalho do vereador, para fazer oposição ao próprio PSD em vez de oposição à Câmara” e lamentou o facto de não lhe ter sido dada uma segunda oportunidade para se candidatar a presidente da autarquia. “Existe um conjunto de pessoas, de amigos, que a maioria até são familiares […] se são pessoas que foram oposição ao próprio partido, que credibilidade têm para tomar decisões em nome do partido, quando elas o traíram?”, atirou Henriques.

O vereador não fechou, contudo, a porta a uma candidatura futura, afirmando que houve abordagens para ser candidato a outros municípios, mas que não aceitou porque “não faz sentido”. “Eu investi em Alenquer, disse que vinha para Alenquer para um trabalho contínuo e é em Alenquer que vou fazer esse trabalho”, explicou, dizendo que “pode não ser já, pode ser em 2029, pode ser em 2025, pode ser em 2026”.

Nuno Miguel Henriques manifestou estar “sempre pronto para atuar com o timing necessário”, com “premissas e valores que são basilares: a social-democracia, a justiça, o combate à corrupção e às irregularidades”. A frisar, em várias ocasiões, a relação que criou com o concelho e com as pessoas, terminou a referir que “Alenquer merece muito, e o povo, que aprendi a amar e que me aprendeu a compreender e a amar, também merece. Ao contrário desta meia dúzia, que são sempre os mesmos, também merece”.

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