Alenquer é um dos municípios do Oeste onde menos se recicla e o resto do país está também longe de cumprir as metas definidas pela União Europeia.
As conclusões são de um relatório da Associação para o Estudo e Defesa do Ambiente do Concelho de Alenquer (ALAMBI) que alerta para “o sistemático incumprimento de metas estabelecidas para os resíduos urbanos, que já valeu ao nosso país ter sido colocado pela União Europeia na ‘lista negra’ dos Estados-membros que precisam de fazer mais para que as suas populações e as suas economias beneficiem da economia circular”.
Em 2020, a taxa de reciclagem em Portugal deveria ter sido de 50%, mas ficou apenas nos 38%. “Quanto a Alenquer, pelo menos no que diz respeito a este objetivo, está entre os municípios que menos contribuem para que o país atinja as metas com que está comprometido”, acrescenta o documento.
Olhando para os 14 municípios que integravam a ex-Resioeste, entretanto integrada na Valorsul, é o segundo município que menos recicla. Em 2020, o concelho registou uma média de 40 quilos de resíduos reciclados por cada habitante. Pior do que Alenquer só Azambuja que registou uma média de 36 quilos por habitante.

Para Francisco Henriques, Presidente da Direção da ALAMBI, o problema resulta da falta de civismo. “Alenquer tem de fazer muito mais, todos nós temos de fazer muito mais. Eu acho que isto é uma questão de cidadania, de informação e insistência com as pessoas. O lixo que nós geramos não pode ser visto apenas como lixo, mas sim como um recurso, tal é a quantidade de matérias primas que nós desperdiçamos”.
O presidente da ALAMBI acredita que a solução pode estar na implementação de um novo sistema de recolha de resíduos. “Não será seguramente por falta de ecopontos que a taxa de reciclagem não é maior. Se nós olharmos para as zonas mais urbanas do concelho, Alenquer e Carregado, a taxa de cobertura de ecopontos, mesmo não sendo a ideal, não é assim tão baixa quanto isso. Mesmo nas aldeias há ecopontos onde as pessoas podem depositar os resíduos. Eventualmente, o melhor a fazer seria mudar o sistema, tal como noutros países europeus, onde existe recolha porta a porta onde as pessoas são mais responsabilizadas. É preciso fazer alguma coisa face aos incumprimentos que são sistemáticos”.
A reduzida taxa de reciclagem em Alenquer implica também custos para os munícipes. Segundo os dados do relatório da ALAMBI, “o lixo indiferenciado, aquele que é colocado no contentor comum, tem custos de recolha e de deposição em aterro, ou de incineração, que no caso de Alenquer são de 56 euros anuais para cada família”.
“Já os resíduos reciclados de certa forma saem à borla porque são pagos pelo seu próprio valor residual ao serem reaproveitados e transformados em novas matérias primas. Se a reciclagem fosse bastante maior, a despesa municipal e a despesa para as famílias com o lixo seria muito menor ou até mesmo nula”, continua Francisco Henriques.
O Presidente da ALAMBI deixa ainda o alerta para um outro problema criado pela taxa reduzida de reciclagem: “a curto prazo a capacidade dos aterros sanitários vai esgotar e vamos ter de criar novos aterros porque a nossa sociedade produz cada vez mais lixo”.

