Lares do concelho com situação estável e medidas de prevenção

A situação com os lares do norte do país deixou todos preocupados. O Jornal Nova Verdade falou com responsáveis dos quatro maiores lares do concelho.

A situação com os lares do norte do país deixou todos preocupados. O Jornal Nova Verdade falou com responsáveis dos quatro maiores lares do concelho para saber como é o funcionamento dos espaços em tempo de pandemia mundial e de estado de emergência ativo. Até ao momento deste levantamento nenhum dos quatro lares tinha utentes ou funcionários infetados com o covid-19.

Santa Casa da Misericórdia de Alenquer

Dentro do plano de contingência, há medidas que são comuns e transversais a todos os equipamentos da terceira idade. Luís Rema, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer disse ao Jornal Nova Verdade que são seis as medidas mais relevantes no caso da misericórdia de Alenquer.
“Uma primeira medida foi imposta a partir do dia 13 de março. Procedemos ao acesso exclusivo nas nossas instalações apenas aos nossos colaboradores. Depois uma segunda medida foi o reforço profundo da higienização nos espaços comuns, procurando que de hora a hora reforçássemos a higienização desses espaços. Uma terceira medida tem a ver com a formação continua e diária dos colaboradores nos procedimentos a ter quer na instituição quer fora dela”. afirmou o provedor. Luís Rema, disse ainda que é importante “que todos nós tenhamos a consciência que os procedimentos que tomamos no nosso local de trabalho são igualmente fundamentais que tomemos em casa ou quando vamos ao supermercado, também essa formação tem sido passada de forma diária aos nossos colaboradores”. Uma quarta medida tomada foi a obrigatoriedade da utilização de proteção individual. Já a quinta medida, diz respeito à medição da temperatura corporal quer à entrada quer à saída de todos os colaboradores. Por fim, Luís Rema, sublinha que “foi possível criar uma equipa de primeira linha e uma equipa de segunda linha de salvaguarda. Cada uma destas equipas é constituída por 46 profissionais, ou seja, temos atualmente aloucados para 111 utentes em lar, 92 profissionais”. O provedor explicou que “cada equipa trabalha de segunda a domingo, sete dias consecutivos, e descansa na semana seguinte sete dias porque de facto, segundo os especialistas, este vírus dá sinal dele a partir do quinto ou sexto dia de incubação e portanto existe uma margem de uma semana para que quando a equipa de segunda linha está em casa e caso se verifique a constatação de algum caso, consigam antecipadamente dar resposta e a resolver a situação sem que o colaborador chegue à instituição”, adiantou. Na Misericórdia de Alenquer, sentiu-se a necessidade de reforçar a equipa. Para isso a instituição recorreu à equipa da área de infância e, todos os dias, 16 profissionais desta área integram a equipa, apesar de existirem cerca de 40 colaboradores em casa por motivos de apoio aos filhos. Luís Rema reforça ainda “o notável sentimento de solidariedade e de disponibilidade de todos os colaboradores da Misericórdia de Alenquer. É de facto notável este espírito de entreajuda de todos, pois é uma guerra que é de todos onde todos somos chamados a agir”.

Centro Social e Paroquial do Carregado

“Sim, temos um plano de contingência e estão a ser contempladas todas as medidas!” afirma Ana Sofia Silva, Diretora Técnica do Lar do Carregado ao Jornal Nova Verdade. Quanto aos utentes e às visitas que não têm recebido, a responsável diz que “inicialmente estavam um bocadinho ansiosos mas depois criámos vários canais de comunicação, nomeadamente um grupo do whatsapp com os familiares onde diariamente fazemos videochamadas” acrescentou. Apesar do receio inicial, o Lar do Carregado tem recebido várias mensagens da comunidade a questionar se já existe alguma caso ou até mesmo como é que este tem vindo a aturar perante a situação atual do Covid 19. Ana Sofia Silva afirma que no lar não existe nenhum caso e que atualmente em termos de saúde “aparentemente temos todos os utentes controlados e as equipas de funcionários reduzidas aos serviços mínimos. O que é possível está a ser feito, mas estamos muito preocupados e ansiosos até porque temos duas pessoas que fazem diariamente diálise e que saem para o exterior da instituição”, acrescenta. O Lar do Carregado tenta manter as rotinas da vida diária, alterando apenas os horários das atividades de animação e ocupação, tentando ao máximo que no horário habitual das visitas se mantenham as videochamadas, no sentido que estão na mesma ocupados e com os familiares. “Neste grupo de whatsapp também temos feito a divulgação das nossas atividades e reforçamos sempre que estamos todos bem, estamos na nossa rotina. Alguns idosos têm noção que os seus familiares também estão em casa e não podem vir, os nossos utentes também estão solidários porque percebem isso”, afirma. Apesar de todos os cuidados que diariamente o lar tem imposto, nos passeios diários no exterior também foi colocado um local vedado para que as pessoas não cheguem perto dos portões. Os idosos têm colaborado nesse sentido e mesmo quando veem alguém na rua não tentam dirigir-se a elas, lidando assim bem com a situação.

Santa Casa da Misericórdia da Merceana

Carla Pereira, Provedora da Santa Casa da Misericórdia da Merceana, afirma que mesmo antes de haver um plano definido e elaborado pelas Misericórdias, já tinham dado início ao próprio plano e a medidas de segurança. “Decidimos de imediato que não iríamos continuar com a resposta de centro de dia e iríamos nós a casa dos nossos utentes implementar o serviço. As visitas também pararam”.
Os utentes da Santa Casa da Misericórdia da Merceana estão a lidar bem com a situação. Carla Pereira, acrescenta que “mais do que nunca tenho estado muito presente, principalmente na resposta do lar”. Com todo o cuidado pedi que eles estejam mais afastados e afastámos também os sofás e os lugares onde costumam estar, a tal distância de segurança, e até agora aceitaram muito bem. Temos tido todo o cuidado e a prevenção necessária, as nossas funcionárias são as únicas pessoas que entram atualmente e, mesmo antes disso, medimos a temperatura. Só não há isolamento total porque não existem casos.”. Os familiares dos utentes da Santa Casa da Misericórdia da Merceana estão a ser compreensíveis com toda esta situação e estão diariamente a fazer videochamadas por Skype e whatsapp, sendo também “uma maneira de apoio aos utentes”. As funcionárias que têm ido a casa dos utentes tomam sempre as devidas precauções e todos os cuidados necessários para que não haja risco de contágio. A provedora acrescenta que os utentes estão mais divididos pelas salas e que tem havido menos contacto entre eles: “ É uma situação transitória, temos que encarar assim, e que é para o bem de todos , mas estamos ótimos porque não temos até hoje redução de pessoal. Tivemos algumas funcionárias que ficaram em casa para darem assistência aos filhos, menores de 12 anos, mas de resto temos todos os funcionários”.

Centro Social e Paroquial da Nossa Senhora das Virtudes, Penedos

Mariana Costa, Assistente Social do Lar de Penedos, Ventosa, tenta diariamente desmontar falsas informações e falsos comportamentos no que diz respeito ao vírus Covid 19 por parte dos utentes da instituição. Refere que uma parte significativa da população residente do lar “não tem noção do que se passa, acham que algo está diferente porque perguntam pelo seu familiar ou até mesmo quando as auxiliares se apresentam à sua frente com uma máscara de proteção acham estranho e questionam-se”. Apesar dos telefonemas que o Lar de Penedos costuma receber diariamente, Mariana Costa disse ao Jornal Nova Verdade que tem havido um grande aumento de preocupação por parte dos familiares e de outras entidades parceiras: “Os contactos habituais que eram estabelecidos uma vez ou duas por semana agora são diários, porque há uma grande ansiedade por parte das famílias dos utentes para saberem se está tudo bem ou não. Relativamente a entidades, tanto a própria direção como o médico assistente que nos acompanha com precaução mais à distância porque também tem outras responsabilidades para além de acompanhar outros utentes, temos mantido uma ligação constante e até mesmo a autarquia já nos contactou várias vezes fazendo sempre o levantamento exato de quantos residentes. A segurança social questiona-nos das nossas necessidades e se temos ou não pessoas infetadas ou em isolamento.”
O Lar de Penedos tenta diariamente transmitir aos utentes as informações corretas e, dentro dos possíveis, continuar com o trabalho habitual diário: “A informação que estamos a tentar transmitir aos utentes é efetivamente mais àqueles que habitualmente acompanham as notícias tanto pela televisão como pelo jornal e que estão mais a par de toda esta situação. Eu e a minha equipa técnica fazemos um acompanhamento regular e estamos mais atentos a todas as dúvidas que estão a surgir e a tentar apaziguar o sistema nervoso deles, porque não queremos que aconteça nada de mal.”.

Notícia originalmente publicada na edição 1054 do jornal Nova Verdade

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