Jubileu em Roma recebeu mais de 30 jovens da Paróquia de Alenquer

Dezenas de jovens do concelho seguiram até Itália para o Jubileu dos Jovens, um momento de proximidade e partilha entre crentes e o Papa Leão XIV. Voz de Alenquer falou com Anabela, Jaime, Inês e Carlota para saber mais sobre esta experiência.

O final do mês de julho trouxe um momento revigorante para a fé da juventude de todo o mundo. A capital italiana recebeu o Jubileu dos Jovens, como parte das celebrações do Ano Santo (Jubileu da Esperança), convocado pelo Papa Francisco e presidido pelo Papa Leão XIV, no seu primeiro encontro oficial num evento internacional, em particular junto dos jovens. Roma juntou mais de um milhão de jovens, de 150 países diferentes, com uma adesão massiva por parte dos portugueses. A comitiva lusa levou mais de 11.500 jovens, que colocou Portugal entre os cinco países com maior participação.

A Voz de Alenquer esteve à conversa com Anabela Rodrigues, coordenadora do grupo de jovens da Paróquia de Alenquer, que falou de uma experiência extremamente enriquecedora, num encontro de onde disse voltar com o coração cheio. “Talvez não seja já amanhã, mas este momento fica junto dos jovens e vai começar a germinar. Este jubileu fez com que eles partilhassem verdadeiros momentos com os outros e deixou-os crescer em fé. Quando conseguimos olhar para o outro com vontade de ajudar, tudo se torna diferente!”, destacou.

No que à fé diz respeito, Anabela realçou uma importância significativa do Papa Francisco neste Jubileu e numa relação que se vai cimentando junto do Papa Leão XIV, que viveu a primeira aparição internacional, num evento que acontece de 25 em 25 anos: “Estou convencida que, com tanto português que esteve em Roma, foi a pedido do Papa Francisco, porque ele pediu-nos isso nas jornadas; convidou-nos e assim o fizemos”.

Em relação à nova jornada de fé com o Papa Leão, as amarras são muito poucas, numa adaptação importante depois das vivências partilhadas com o Papa Francisco. Contudo, num ponto não há duvidas: a visita do Papa foi dos momentos mais marcantes da viagem, que aproximou jovens de realidades distintas, unidos pela fé, pelo serviço e pelo desejo de construir um mundo mais fraterno, neste primeiro encontro de Leão XIV com a juventude. “Foi uma alegria imensa. Ver o Papa para além dos ecrãs foi simplesmente fenomenal. Queixávamo-nos das dores nos pés, nas dores aqui e ali, mas, quando vimos o Papa, esquecemos tudo. Foi lindíssimo”, acrescentou a catequista.

Aos olhos dos participantes de Alenquer, a peregrinação teve vários momentos emotivos, cada um dos quais marcante à sua maneira. Choro, dores, sorrisos e lágrimas de alegria marcaram uma jornada que teve no patriarca Rui Valério uma figura muito próxima e companheira, em especial junto da Diocese de Lisboa. Anabela Rodrigues fez questão de destacar que “é de louvar e reconhecer que o patriarca nos acompanhou e também fez o percurso de autocarro. Era um de nós. Fez o caminho todo com os peregrinos. Partiu do Parque das Nações connosco e regressou connosco. Essa proximidade dele com os jovens foi muito importante. É uma pessoa muito afável e foi importante para eles perceberem que não estavam sozinhos”. Anabela acrescentou ainda: “Não é fácil, tivemos dormidas no autocarro e muitas vezes não se consegue pregar olho, o que traz ainda mais valor à viagem e ao caminho do patriarca Rui”.

Enquanto o Patriarca Rui Valério seguiu junto dos jovens da Portela no autocarro de ida e regresso a Itália, os jovens da Paróquia de Alenquer foram acompanhados pelos peregrinos da Benedita, uma companhia que firmou laços na amizade e na fé. “Foi uma viagem de partilha, muita fé e muito amor. Criaram-se laços. Ainda hoje todos eles permanecem em contacto e isso é muito bonito”, confessou Anabela. O número de portugueses presentes surpreendeu a catequista. À Voz de Alenquer disse, em tom de brincadeira, que “víamos portugueses em todo o lado. Nas filas, à nossa frente, estava um português, virávamo-nos para trás, estava um português, para os lados, mais portugueses”.

No que toca à organização, houve também fortes diferenças entre o nosso país e a organização italiana. Neste aspeto, Anabela assinalou na organização internacional, a cargo dos italianos, um fator negativo e uma gestão executada na perfeição por parte da Diocese de Lisboa. “Se falarmos em termos de organização, os italianos estão muito aquém dos portugueses. As nossas jornadas mundiais da juventude foram de uma organização extrema, com muitos voluntários e muita informação”, explicou, acrescentando, em comparação com a organização italiana: “Por outro lado, a organização da Diocese foi espetacular. Não há nada a apontar. Muitas horas passadas e muito sono perdido para organizar este evento”. Para além do Jubileu da Juventude, o Ano Jubilar trouxe meses específicos para determinados temas ou figuras, como, por exemplo, dos jovens, dos avós ou da família.

Os peregrinos de Alenquer passaram por vários pontos emblemáticos da cidade de Roma, numa viagem que “não foi turismo”, mas que trouxe liberdade para conhecer melhor a força cultural da capital italiana. O programa incluía a passagem das  quatro Portas Santas – São Pedro, São João de Latrão, São Paulo, e Santa Maria Maior – que abrem apenas em ano de Jubileu, de 25 em 25 anos. Os jovens alenquerenses passaram ainda pelo Museu do Vaticano, numa angariação acerca da qual Anabela Rodrigues fez questão de agradecer aos paroquianos pela sua contribuição e ajuda. De entre as visitas religiosas, foi na Basílica de Santa Maria Maior, no caso de Anabela, que o sentimento falou mais alto. “A parte que mais me emocionou foi Santa Maria Maior. Mas eu sabia que ia quebrar.  Quando lá entramos, a riqueza é muito grande. A basílica é enorme, com grandes altares laterais, e no meio desses há um altar da maior simplicidade, da maior humildade, o túmulo do Papa Francisco. No meio daquela beleza e riqueza, o túmulo transparecia tal e qual aquilo que o Papa Francisco era: um Papa simples, que caminhava connosco”, contou.

A visão dos jovens

Jaime, Carlota e Inês são três dos 32 jovens que seguiram até Roma para viver este Jubileu e partilharam as suas experiências com a Voz de Alenquer. Jaime Pereira, de 16 anos, destacou deste período uma experiência inesquecível no aprofundamento da fé e a experiência no Coro do Jubileu como um dos momentos mais marcantes. “Tive também o privilégio de tocar guitarra no Coro do Jubileu da Diocese de Lisboa em locais incríveis, como a Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, o que tornou ainda mais especial esta peregrinação. As aprendizagens, as amizades e as memórias levarei para sempre comigo no meu percurso”, afirmou.

Por sua vez, Inês Patrício, de 18 anos, contou que o Jubileu “foi muito mais do que uma simples viagem, foi uma verdadeira celebração de fé”. Com “refeições improvisadas, dias exigentes e algumas dificuldades”, Inês sublinhou a verdadeira experiência de um peregrino, com a capacidade de “enfrentar desconforto, o calor e a chuva e continuar com o coração aberto”. Em termos de fé, contou “que sentiu a presença de Deus em cada gesto” e que “o essencial não está no conforto, mas sim na fé partilhada”, no curto período de 10 dias que “ficarão comigo para sempre”.

Carlota Viegas, de 19 anos,  destacou uma experiência de apoio entre todos os peregrinos de Alenquer e algo a repetir, apesar dos altos e baixos: “Perguntar-me-ão: ‘Repetirias a experiência?’ E eu respondo sem hesitar: ‘Já amanhã!’”. Nas palavras de Carlota, “não foi fácil, mas uma peregrinação é como a vida, é feita de altos e baixos, de momentos que nem sempre correm como planeado, de ultrapassar obstáculos, de surpresas, mas felizes de coração cheio, com a certeza de estarmos a ser acompanhados por Deus”. “Apoiámo-nos uns aos outros, como um grupo deve ser, entre sorrisos e lágrimas, criámos laços de amizade que ficarão para a vida toda e é nestas pequenas coisas que se vê Deus, no cuidado de um colega, quando pergunta se a nossa mochila está demasiado pesada, num sorriso, num abraço, numa partilha de um leque ou de um chapéu para afugentar o calor. Voltaria e repetiria cada segundo, sempre”, assegurou Carlota.

Com o regresso a Alenquer, os jovens trazem na bagagem recordações e um compromisso renovado com a fé e com a comunidade. A experiência do Jubileu em Roma fica marcada pela partilha, pelo encontro com diferentes culturas e pela proximidade com o Papa Leão XIV. Testemunho vivo de que a juventude continua a responder ao apelo da Igreja para construir pontes e semear esperança.

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