Nuno Castilho de Matos é o novo diretor-adjunto de programas da M80

O alenquerense Nuno Castilho de Matos, que iniciou a carreira na Rádio Voz de Alenquer e no jornal Nova Verdade, é o novo diretor-adjunto de programas da M80. Desde 2019, Nuno Matos é diretor de informação do grupo Bauer Media Áudio Portugal, que detém a Rádio Comercial, M80 Rádio, Cidade FM e Smooth FM. Em 2023, a propósito do Dia Mundial da Rádio, Nuno Castilho de Matos deu uma entrevista ao jornal Nova Verdade, que partilhamos agora consigo.

Como foi passar pela Rádio Voz de Alenquer? Como é que começou esta “viagem” pelo mundo da Rádio?

Descobri a rádio mais ou menos sem querer. Depois de terminar o curso de Comunicação Social e de ter feito o trabalho final sobre a imprensa regional do concelho de Alenquer, vim para o Nova Verdade (NV) fazer um estágio profissional. Mas, com o jornal, aparece também a radio tendo em conta que a redação do NV é a mesma da Radio Voz de Alenquer (RVA). Fui aprendendo com a equipa que cá estava na altura e tudo aconteceu de forma muito natural, o meu gosto pela imprensa foi-se perdendo e o prazer de fazer rádio foi crescendo cada vez mais. Fiz várias asneiras, dei diversas calinadas, mas uma das coisas boas de se começar e trabalhar numa rádio local é o de se poder cometer erros e de termos tempo de aprender a fazer bem sem sermos logo julgados. A pressão é diferente, há espaço para o erro e para a correção.

A dada altura passaste da Rádio Voz de Alenquer para a TSF. Como foi esta mudança?

Foi o que se chama “estar no sitio certo à hora certa”. No dia seguinte ao feriado 1 de Maio (de 2006) ligaram da TSF para a RVA. Era o diretor da TSF na altura, José Fragoso, que queria falar comigo. Tremi por todos os lados porque achei que tinha dito alguma asneira e ele ia queixar-se de alguma coisa. Mas afinal a conversa era outra. Ele tinha-me ouvido a ler as notícias durante uma viagem que fazia pelo zona oeste e queria falar comigo para ir para a TSF. Assim foi, tudo muito rápido. Apesar de já estar habituado a trabalho muito intenso na RVA e NV, porque os meios são poucos e a quantidade de trabalho é muita, a mudança acabou por ser muito grande. De repente, passei a trabalhar ao lado e a aprender com profissionais que admirava e com quem nunca imaginei que conseguiria trabalhar. A curva de aprendizagem foi gigante.

“A Rádio fala ao ouvido, é intimidade, é companhia”, Nuno Castilho de Matos

Atualmente, és Diretor de Informação da Bauer Media Audio Portugal depois da multinacional Bauer Media Group ter adquirido, no ano passado, a Media Capital Rádios. O que é que isto significa? O que faz um Diretor de Informação e como é o seu dia-a-dia no trabalho?

Dirijo tudo o que diz respeito a informação nas rádios do grupo que detém a Comercial, M80, Cidade FM, Smooth FM e Cidade FM. Lidero uma equipa de jornalistas que trabalha diariamente para chegar as pessoas com informação relevante para a vida de cada um dos ouvintes e também leitores através da informação que está no site de cada uma das nossas marcas. No meio disso tudo, ha muita burocracia para tratar, como é normal, muitas reuniões, novos projetos para se pensar e para tentarmos estar sempre à frente neste setor e em cima do que é feito noutros países. O facto de estarmos agora numa multinacional que respira áudio, que pensa no mercado do áudio 24 horas por dia, sete dias por semana, dá-nos muitas vantagens.

Ainda existem ensinamentos da época na RVA que aplica hoje a nível profissional?

Sim e quero que me acompanhem sempre. A humildade no trabalho, ter a certeza que nunca sabemos tudo, valorizar as condições de trabalho, quer humanas quer técnicas, a proximidade que tem de existir na mensagem que e passada, a importância que se tem para cada um dos ouvintes, o “desenrascanço” necessário para que as coisas aconteçam mesmo sem meios… tudo questões que acho que valorizo ainda mais por ter passado pela RVA.

Que principais diferenças encontra entre uma rádio local e uma rádio nacional?

Se calhar nem são assim tantas como se pode achar à partida. Tirando possíveis facilidades técnicas e humanas, são mais as semelhanças do que as diferenças. A missão e a mesma, apenas para públicos diferentes. A rádio local tem uma missão muito bonita junto da comunidade local que não pode ser nunca esquecida. No caso do jornalismo, onde sinto uma diferença maior e na proximidade com as fontes de informação. No caso de uma rádio nacional, sinto-me mais defendido do que numa rádio local, onde ainda pode existir o receio de se estar a expor determinada pessoa porque é conhecida, familiar ou porque é alguém com quem nos encontramos na rua.

A nível global, que importância tem a rádio enquanto meio de comunicação?

A rádio e o meio de comunicação social que fala ao ouvido, e intimidade, e companhia, é o único meio de informação para muitas pessoas. E democrata, exigente e com um grande jogo de cintura para estar cada vez mais viva. A Rádio Comercial Ucrânia, por exemplo, um dos projetos de que mais me orgulho de ter feito parte e ter dirigido, mostrou bem a importância da radio. Teve a bonita missão de unir pessoas, ajudar todos aqueles que estavam a fugir à guerra para um pais desconhecido. Unimos pessoas, abraçámos com palavras, partilhámos, informamos e criamos emoções.

E que futuro pode a rádio esperar?

Um futuro extremamente promissor, tenho a certeza. Os novos projetos que estão a ser preparados e o crescimento do mercado do áudio em todos os países e em especial na Europa mostra-nos que há muito espaço e caminho para andar. O setor da rádio nunca estagnou, foi sempre sabendo reinventar-se e esse terá sido o grande segredo. A rádio em geral nunca ficou lá atrás, nunca teve medo de mudar e de se transformar e, mais uma vez, isso vai ficar bem patente nos passos que o setor vai dar nos próximos tempos.

Scroll to Top