Ao longo de dois dias, vários momentos desenharam o II Congresso da Associação Rising Child. O dia 22 de novembro, sexta-feira, ficou reservado para workshops, no período da manhã com alunos do concelho e no período da tarde com equipas inscritas. Várias atividades, de debate a momentos musicais e de representação, marcaram o dia e permitiram ficar a saber mais sobre a temática.
No sábado, 23 de novembro, diversas palestras, conversas e conferências reuniram convidados de diferentes áreas e permitiram a todos na assistência uma visão mais abrangente sobre o capacitismo e o impacto que o mesmo tem na sociedade. O dia foi inaugurado com uma mesa de abertura, que contou com a presença da presidente da direção da Associação Rising Child, Andreia Costa, o presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Pedro Folgado, e ainda José Martins.
No discurso inaugural, Andreia Costa começou por explicar o propósito da iniciativa: “Vivemos num mundo que se define pela sua capacidade, pela produtividade e pelo padrão de ‘normalidade’ que estabelecemos como ideal. As pessoas com algum tipo de deficiência enfrentam diariamente barreiras que vão muito além das suas limitações físicas e/ou sensoriais. Estas barreiras são construídas e mantidas por uma sociedade mergulhada num paradigma de normalidade, onde todos os que não encaixam são ignorados, subestimados e segregados. Contudo, esta é uma visão muito redutora e que exclui, que não só marginaliza uma parte significativa da população, como as impede de realmente celebrar a diversidade humana e as múltiplas formas de ser e viver”.
A presidente da associação prosseguiu com a definição de capacitismo, que é, essencialmente, a crença de que as pessoas com algum tipo de deficiência são inferiores às restantes. Nesse sentido, o congresso propôs-se a um “combate ao capacitismo, ao preconceito e ao estigma, um desafio que requer a participação de todos: governo, autarquias, sociedade civil, famílias, educadores e, especialmente, as pessoas com deficiência. Juntos, podemos construir uma sociedade mais consciente, mais justa e mais humana, onde as diferenças sejam celebradas e não tratadas como limitações”.
Em declarações à Voz de Alenquer, Pedro Folgado referiu que para debater o tema, “somos todos convocados, a administração pública, o poder local, as empresas privadas, enfim, todos aqueles que efetivamente contribuem para que haja uma melhor qualidade de vida dos cidadãos”. O presidente da Câmara Municipal de Alenquer realçou ainda que “durante muitos anos, também de fruto da nossa sociedade mais fechada, estigmatizámos, colocámos de parte as pessoas com incapacidade e, felizmente, cada vez mais somos convocados e alertados para esse problema e cada vez mais percebemos da necessidade de incluir essas pessoas na sociedade civil como contribuintes”.
Pedro Folgado destacou ainda uma empresa que “se quer instalar aqui no concelho, que contrata basicamente ou uma grande percentagem de pessoas com incapacidade. Eu já visitei uma instalação em Espanha e realmente fiquei impressionado como é que se consegue […] como é que se consegue realmente incluir pessoas com incapacidade e isso é muito importante em termos de economia, obviamente economia local, mas também economia social”.