Coopquer lamenta falta de apoios para agricultores da região

Associação denuncia "injustiças" na forma como são distribuídos no país os apoios à agricultura.

Os apoios atribuídos às candidaturas dos agricultores para poderem continuar a evolução pretendida têm gerado polémica e a Coopquer – Cooperativa Agrícola de Alenquer, mostra-se preocupada pela contínua diferença de tratamento para com os profissionais do setor desta região.

João Carreira, vice-presidente da cooperativa, aponta como principal problema o facto de “neste momento, serem dados os mais benefícios e bónus a candidaturas feitas por quem está no interior do país, porque está numa zona afetada pelos incêndios, entre outros fatores, e dessa forma os agricultores do concelho de Alenquer não estão a beneficiar destes apoios, o que acaba por ser uma grande injustiça”.

O dirigente lamenta também o facto de estarem a ser desperdiçados recursos em candidaturas que depois não surtem efeito. “Das duas uma: ou quando abrem os concursos dizem que são só para essas zonas e os nossos agricultores e técnicos já não perdem tempo a fazer os projetos ou então não vale a pena”.

O último caso, que acabou motivar a reação da Coopquer, foi um concurso de âmbito nacional para a modernização de tratores. “O nosso parque de tratores é composto, em parte, por veículos com mais de 25 anos, alguns até com 40 ou 50 anos. Portanto, o objetivo de modernizar os tratores era bom, até de uma perspetiva ambiental, e devido à segurança, porque, infelizmente, existem muitas mortes devido aos tratores porque não têm arcos de segurança ou cabines. Houve aqui um projeto que era para substituir esses tratores e muita gente do nosso concelho concorreu. Entretanto o projeto acabou e chegámos à conclusão de que, no concelho de Alenquer, não houve um único agricultor a conseguir o apoio, porque mais uma vez deu-se prioridade a quem vive no interior. São apoios muito significativos, que podem ir até aos 50 por cento. Fazem toda a diferença para a pessoa poder usar o trator. Não nos parece que seja justo”.

“Os nossos agricultores já ponderam se vale a pena”

João Carreira lembra que o Governo tem falado muitas vezes da agricultura familiar e a Coopquer teve agricultores nessa situação que voltaram a não receber os apoios porque, explica, “as tais bonificações vão todas para o interior e isso começa a criar um desequilíbrio enorme na agricultura. Porque, provavelmente, nós produzimos muito mais do que o interior, mas qualquer dia não temos agricultura. Os jovens agricultores do concelho de Alenquer acabam por não conseguir ir buscar apoios ao investimento porque não têm essas condições. E isso vai levar a que as pessoas ponderem se vão ou não continuar a investir na agricultura, porque no fundo, a nível de apoios na nossa região, não se recebe nada”

João Carreira realça ainda que não está contra os apoios a quem vive da agricultura no interior do país. A revolta dos agricultores desta região está, antes, no facto dos critérios desfavorecerem sempre quem acaba por ser responsável pela maior atividade do setor.

“Acho que é fundamental ver a competitividade dos projetos. É verdade que essas zonas são mais desfavoráveis, mas já houve apoios específicos para isso. Mas há mais: quando se trata de um trator, por exemplo, tanto polui aqui como em qualquer outra zona do país. Não há qualquer tipo de diferença e por isso tem de começar a haver alguma forma de igualarmos as coisas, porque senão corremos o risco de, num concelho como o de Alenquer, que tem uma parte muito rural, o Alto Concelho, as pessoas acabarem por desistir da agricultura por não existirem apoios e corrermos o risco de uma desertificação do nosso concelho. No caso dos tratores, não foi só em Alenquer, foi em todo o Oeste que as pessoas não conseguiram receber um único apoio”.

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