Carlos Sequeira: “Somos do povo, da população, e a população precisa de muito mais”

Depois de ter sido candidato em 2021, Carlos Sequeira, presidente da concelhia, volta a encabeçar a lista do CHEGA à Câmara Municipal de Alenquer. Na primeira entrevista enquanto candidato, falou da situação do partido a nível local e das prioridades para o concelho.

Qual é o objetivo da sua recandidatura?

Amamos Alenquer, esta vila, este concelho, e acreditamos muito neste potencial, naquilo que se pode fazer para um futuro mais sorridente e mais promissor. Como é lógico, a população também ajudou muito nisto, deu-nos a confiança para nos candidatarmos, para criarmos listas com força, com pessoas com dinâmica. É nesse sentido, com espírito de lealdade e de paixão pelo concelho, que apostamos na minha recandidatura.

Nas Legislativas, o CHEGA venceu no concelho e empurrou o Partido Socialista para terceiro lugar. Acha que este resultado pode influenciar o resultado das Autárquicas?

É um cliché dizer que as coisas são diferentes. Como é evidente, são diferentes, mas foi tudo muito próximo. […] Acho que pode ajudar a influenciar e foi isso também que nos impulsionou e que nos ajudou a criar uma nova roupagem para a nossa candidatura. Sim, acabou por influenciar e acho que positivamente, como é lógico. Isso é uma mostra de que estamos num concelho em que é necessário mudar a política. É necessário mudar este olhar que as pessoas tinham, há 50 anos que estão aqui viciadas a olhar para um sistema que está enraizado, e isso só mostra que as pessoas querem uma mudança. Querem uma mudança, acreditam no CHEGA, acreditam na política do CHEGA, no nosso André Ventura, portanto, é nesse sentido que nós estamos cá também, porque acreditamos e achamos que é possível virar a nível político com uma equipa capaz.

Tendo em conta os resultados no concelho, há possibilidade de a André Ventura passar por cá na campanha?

Isso está previsto, está a ser planeado, está ser estruturado com a comunicação do partido. Há uma grande probabilidade de fazermos aqui um evento interessante com o apoio do nosso presidente, André Ventura.

Sendo a freguesia mais populosa, e onde o CHEGA venceu, o Carregado será uma prioridade?

Quando se fala em Alenquer, tem de se falar obrigatoriamente no Carregado. O Carregado é um pulmão, um pulmão ou coração, como quiseram lhes chamar, do concelho. Há quatro anos, tive uma entrevista convosco, praticamente podemos repetir o que eu falei, porque acontece exatamente igual. Há pouco, antes de vir para aqui, passei pelo Carregado e aquilo está uma lástima. Não há cuidados […] Podemos falar das pessoas, do civismo, sim, sem dúvida é necessário haver cuidado. Agora, se se chega à conclusão que são as pessoas, então vamos trabalhar com elas, vamos aproximar-nos delas e dizer que não pode ser assim. Com planos de sensibilização, nas escolas, tão simples. As crianças hoje em dia movimentam tudo. Se os pais não conseguem, as crianças podem ajudar. […] E a Saúde. É necessário ver protocolos rapidamente. Protocolos com entidades externas, companhias de seguros, como se faz noutros lados. Agora, não pode ser uma coisa eterna, não pode, porque esta responsabilidade é do Governo. É da especialidade dos serviços centrais conseguir-se colocar médicos e a parte da enfermagem, para o apoio à população. Se assim não é possível, então a Câmara tem que arranjar as soluções rápidas. […] O Carregado de hoje já não é o Carregado de há dez anos. Muita coisa mudou, é necessário acompanhar esta mudança e este crescimento. Se aceitamos as pessoas cá, se permitimos fazer de 20 a 30 atestados de residência por dia na zona do Carregado e Cadafais, se a Freguesia permite assinar qualquer pessoa com duas testemunhas… Se isso tudo é permitido, então tem de se dar condições às pessoas que lá estão. Agora, há coisas que têm de ser resolvidas. Há atestados de residência que são passados […] e depois? Não há uma fiscalização? Não há ninguém que vá averiguar aquela morada? Não há um alerta no sistema? Será que não desperta um alerta de que já há cinco, 10, 15 estados de residência para aquele mesmo número de morada? Acho que é importantíssimo. […] Recebemos e-mails de que, em prédios no Carregado, há apartamentos já com 15, 16, 17 pessoas a viver. De lojas comerciais com pessoas a viver lá dentro.

Acha que devia haver uma intervenção da autarquia, portanto?

Com certeza. Se a freguesia em questão não está capaz, acho que deveria obrigatoriamente o executivo da câmara tomar partido de resolver as situações. Alguém tem de fiscalizar isto. Agora já temos a Polícia Municipal, eles também são poucos, mas acreditamos que alguma coisa vai mudar. […] Temos um concelho muito grande, portanto eu acredito que seja complicadíssimo, mas pode haver uma agilização melhor.

Em 2033 termina o contrato de concessão às Águas de Alenquer, portanto este mandato vai ser decisivo. Qual é a posição do Carlos Sequeira sobre este assunto?

A nossa posição é a mesma de há quatro anos: uma auditoria. É aquilo de que toda a gente fala, mas há uma necessidade urgente de uma auditoria independente a tudo o que aconteceu nas águas. Só depois dessa auditoria é que se pode tomar algumas medidas. É importante perceber as letrinhas pequeninas todas e por isso nada melhor do que uma auditoria. Mais uma situação que é urgente de fazer neste concelho. O que é que aconteceu? Por que razão é que o PSD e o CDS naquela altura votaram a favor disso? E agora todos querem inverter isto, mas na altura votaram todos a favor. O que que se passou? O que é se beneficiou? Quem é que beneficiou? É importante ter esta auditoria. Claro que todos temos vontade de criar uma empresa, como aqui os nossos vizinhos de Vila Franca de Xira, em que as coisas parecem até funcionar muito bem.

Há problemas no concelho ligados à Educação, à falta de vagas nas escolas, com infraestruturas, transportes públicos e trânsito… Que visão é que tem desta situação?

O resultado disso tudo? Partido Socialista. É um resultado, uma indiferença completa, uma inércia. Não houve nenhuma visão, ninguém estava preparado para nada. Com este ‘deixar andar’, aconteceu exatamente isto. Temos que receber as pessoas e agora não há condições para elas. Acrescentou-se um ou dois horários de transportes públicos, mas as crianças continuam a ter que sair de manhã para estar na escola à tarde, senão não há horário de transporte. Continuamos a ter as estradas da forma como temos, continuamos a ter as escolas agora sobrelotadas com crianças que estão cá, residem cá, têm que andar cá na escola… e agora? Pois agora, têm que avançar rapidamente com a nova escola, têm que reestruturar rapidamente as escolas. Temos de dar condições às crianças, porque se há alguém que não tem culpa nenhuma são as crianças. Temos a escola do Carregado já sobrelotada […] É necessário dar urgência a estes projetos, antes a estes projetos do que a festas e festarolas, que às vezes dizem muito pouco à população que aqui reside. É importante percebermos que a população que reside agora aqui não é a mesma que residia há dez anos ou há vinte. […] Acho que é importante olhar para este crescimento.  Não se preparou o crescimento, não se estruturou.

Tendo em conta que a colocação de médicos de família não é da competência da Câmara Municipal, de que forma é que, enquanto presidente da autarquia, podia contribuir?

Protocolos imediatos, de curto prazo. No Carregado temos a população maior e percebe-se que há ali uma emergência. Acho que são 15% ou 20% com médico de família, tudo o resto não tem. No concelho todo há um défice. Temos que resolver imediatamente este défice, e nada melhor do que protocolos, como se faz em Lisboa. Por exemplo, com companhias de seguros. Não vai resolver – estou a falar de colmatar algumas falhas – mas, em vez de 10 consultas, podermos fazer 20. A ideia é um pouco esta: protocolos imediatos, resolução de imediato dos problemas, exigindo o esforço necessário, neste caso, do Estado.

Qual seria para o Carlos o concelho ideal?

As pessoas têm que viver como um todo e não com separações de freguesias e acharmos que umas são de elite e outras são inferiores. Enquanto acharmos que com as calças dos nossos pais somos uns grandes homens e nos escondermos atrás das famílias, estamos no alto do pedestal, a olhar cá para baixo para as pessoas… Essas pessoas são as que pagam impostos, são as que trabalham diariamente e são o ex-líbris disto tudo… porque não temos cá nada de ex-líbris em Alenquer. O que é que em Alenquer segura as pessoas? É importante olharmos para isto e é nesse sentido que nós achamos que deve haver uma visão de futuro, mais futurista, e não estarmos fechados na nossa bolha de elite. Nós somos do povo, somos da população e a população precisa de muito mais e de muito melhor capacidade de sobreviver aqui, de estar, realizar-se e continuar a fazer a vida aqui. Portanto, já que houve abertura para as pessoas virem para cá, então é favor dar-lhes: transporte, mobilidade e segurança, principalmente muita segurança.

Caso seja eleito, qual vai ser a sua primeira medida? A sua primeira decisão?

É muito relativo, mas uma coisa é certa: temos que ter muita segurança, muita proximidade. As pessoas têm que ver que nós estamos cá e que estamos a trabalhar para elas. Se lhes dermos aquilo que as pessoas querem – segurança, proximidade, higiene e educação também de alguma forma. Ajudar as crianças a perceberem que isto é um concelho, em que se pode viver e que temos que cuidar do que é nosso. Acho que é um bocadinho isso que as pessoas querem.

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