No documento enviado à redação da Voz de Alenquer a Alambi apresenta os problemas que considera preocupantes neste plano e deixa algumas sugestões. Em declarações à Voz de Alenquer, Francisco Henriques, presidente da Alambi, diz que “já era tempo de surgir este plano de gestão” porque a Serra do Montejunto “é considerada Paisagem Protegida há 26 anos e faz parte da Rede Natura 2000 há 25 anos”. O Plano de Gestão da ZEC (Zona Especial de Conservação) diz respeito à Rede Natura 2000 e está em consulta pública até dia 30 de julho de 2025 podendo ser consultado aqui.
Para Francisco Henriques “a Serra de Montejunto é um mar de eucaliptos”, sendo esta a maior preocupação da associação no documento partilhado. “Cerca de 23% da Rede Natura são eucaliptos e portanto, isso constitui um fator de empobrecimento da Serra de Montejunto. Este é um aspecto central, se nós queremos que a Serra Montejunto constitua de facto um território importante para a conservação da natureza em Portugal. Portanto, controlar os eucalipto da Serra de Montejunto é uma proposta que fazemos”, começa apor explicar o responsável da Alambi.
Este número de eucaliptos na Serra do Montejunto torna-se preocupante quando percebemos que “a área de eucaliptos na ZEC de Montejunto é quase nove vezes mais elevada que a média nacional da Rede Natura; mais do dobro da média do país e proporcionalmente mais elevada que na Região Oeste”, podemos ler no parecer enviado.
Francisco Henriques explicou à Voz de Alenquer que “a Serra do Montejunto é essencialmente baldia. Isto é, são territórios comunitários, geridos por diversas entidades, neste caso ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Floresta], a própria Câmara Municipal do Cadaval e compartes”. E acrescenta que é “preciso saber, inventariar, cadastrar tudo isso, saber a quem pertencem esses eucaliptos e começar a controlá-los. Tanto mais que desde 2018 a legislação já impede a plantação de eucaliptais dentro da Rede Natura 2000”.
Francisco Henriques recorda que “os eucaliptais têm uma certa vida útil, alguns ciclos produtivos. Depois de esses ciclos produtivos estarem ultrapassados, os eucaliptais devem ser reconvertidos. Portanto, tem que se zelar por isso, daí o cadastro parecer-nos essencial”. O responsável pede mais fiscalização por parte do ICNF para controlar a extensa área de eucalipto e reforça que “800 hectares de eucaliptos num território que tem 2800, que é o caso da ZEC, é desproporcionado” recordando que “ainda por cima têm a capacidade de projetar o fogo à distância”.
A Alambi chama ainda a tenção para o facto de “existirem plantações ilegais” algo que “o próprio ICNF admite” porque há um limite por concelho para a plantação desta espécie e “esse limite de área há muito tempo que está ultrapassado no Concelho do Cadaval”. Desta forma a associação reforça o apelo ao rastreio e a fiscalização, chamando também a atenção para a necessidade de se fazer um “cadastro das propriedades” para que “quando esse eucaliptais entrarem em fim de vida útil, sejam tomadas as devidas medidas, e se converse com os donos para se tratar de fazer a reconversão”.
A concluir, Francisco Henriques recorda que “a Serra do Montejunto constituiu uma importante área para a conservação da natureza, refúgio para importantes espécies selvagens com importantes habitats e por isso o importante é cuidar”.


