Marco Paulo [Sempre que brilha o Sol]

João Simão de seu nome próprio, mais conhecido por Marco Paulo é o terceiro dos quatro filhos da família Silva. […]

João Simão de seu nome próprio, mais conhecido por Marco Paulo é o terceiro dos quatro filhos da família Silva. Nasceu a 21 de Janeiro de 1945 em Mourão, terra natal da mãe, de onde saiu cedo devido à profissão do pai, fiscal de finanças, que obrigou a família a uma itinerância durante alguns anos, até se fixarem definitivamente no Barreiro.
Depois de curtas passagens por Alcabideche, Arcos de Valdevez e Celorico de Basto, foi em Alenquer a sua maior permanência: 12 anos. Foi lá que iniciou a escola primária, mas o prazer de cantar começou mais cedo: aos seis anos já trauteava as canções da rádio e quem o ouvia costumava oferecer-lhe bolos e rebuçados.
No entanto, foi em Alenquer que se apaixonou pela música. Começou por cantar nas festas da escola, para lhe ganhar o gosto nas festas dos Santos Populares. Ciente de que a vocação artística não agradava ao pai, que o queria à força ver funcionário público, fugia de casa à noite para ir cantar à roda das fogueiras.
Fascinado pelas cantigas de Maria de Fátima Bravo, Maria José Valério, Tristão de Silva e Amália, Joselito viria a ser o primeiro ídolo do cantor. Apenas com 10 anos, deu o primeiro espectáculo: desafiaram-no para cantar num casamento e até hoje orgulha-se de ter sido a alegria daquela festa.
Seguiram-se muitas outras actuações em festas da terra em que as pessoas, encantadas com a voz do pequeno João Simão, mandavam guloseimas para o palco. Com 15 anos ganhou o seu primeiro cachet: 50 escudos e um garrafão de vinho!
Para ajudar os parcos recursos familiares, Marco Paulo começou a trabalhar cedo: o seu primeiro emprego foi numa loja de fazendas, depois numa farmácia de um amigo do pai, uma experiência traumatizante, não só porque tinha de se levantar às seis da manhã, mas sobretudo porque passava o dia a lavar frascos numa banheira. A seguir conseguiu arranjar emprego no escritório duma fábrica no Carregado e, já no Barreiro, foi trabalhar para o escritório de uma fábrica de plásticos, enquanto estudava à noite na Escola Alfredo da Silva.
A transferência do pai para o Barreiro acabou por ajudar a definir a vida artística do filho. Pouco tempo depois, já cantava nas colectividades de recreio, assim como nos bailaricos e festas locais.

Consciente da sua indiscutível qualidade vocal mas também da necessidade de apurar a técnica, decidiu ter aulas de canto com Corina Freire, uma das melhores professoras do seu tempo. Foi lá que conheceu Cidália Meireles que não hesitou em convidá-lo para o seu programa de música portuguesa “Tu Cá, Tu Lá” na RTP. O sucesso foi tal que pouco tempo depois voltava novamente à televisão. Atento ao surgimento de novos talentos, Mário Martins, um dos mais carismáticos produtores da Valentim de Carvalho, desafia-o a gravar um disco. Já lá vão 40 anos!
De então para cá, Marco Paulo nunca mais parou de surpreender. Participou em três Festivais RTP da Canção, e embora nunca tenha vencido nenhum, foram momentos muito emocionantes. E não esquece o dueto “Tu Só Tu Anouschka”, que gravou com Simone de Oliveira quando a artista estava no auge da sua carreira.

Depois de 30 anos de ligação à EMI Valentim de Carvalho e a Mário Martins, o artista opta pela Zona Música e por Ramon Galarza, (filho de Shegundo Galarza, com quem chegámos a gravar) o seu novo produtor, com quem confessa ter uma excelente relação profissional e de amizade. Sobre a nova editora, Marco Paulo sublinha a juventude e o empenho da equipa com quem, aliás, manifesta vontade de continuar a trabalhar nos próximos anos. Porque, como gosta de dizer, vai cantar até sentir que tem capacidades físicas, mentais e vocais para o poder fazer. Quando deixar de ter, com a mesma dignidade com que entrou, espera sair…
O carinho com que o público o aceita, percorrendo já várias gerações e ser o detentor do maior número de discos de ouro e platina atribuídos a um só artista em Portugal. (No total 75 galardões e mais de três milhões de discos vendidos)

Também contrariamente a outro qualquer artista português, teve dois programas de grande audiência na RTP  “Eu Tenho Dois Amores” e mais tarde, em 1966 “Música no Coração”.

É neste ano que lhe é descoberto um tumor no cólon, o qual é removido com êxito, embora sofra bastante derivado à quimioterapia a que é sujeito.

Em 1997, lança o Álbum “Reencontro”. Foi a resposta à batalha que teve contra cancro, encontrando-se felizmente devidamente recuperado.

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