Galvão Teles adianta na mesma nota que o “provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer, Luís Rema, comunicara-me há alguns meses ter aceitado o convite do PS de Alenquer para se candidatar à presidência da Assembleia Municipal de Alenquer”, admitindo que questionou Luís Rema se a candidatura seria compatível com o lugar de Provedor e se pretendia manter as funções, ao que Luís Rema respondeu afirmativamente. O agora ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral menciona no comunicado que esperava “que Luís Rema soubesse garantir a indispensável e absoluta separação entre as qualidades de provedor da Misericórdia de Alenquer e de candidato à presidência da Assembleia Municipal de Alenquer, pois assim o exigia não apenas o mais elementar bom-senso e sentido de responsabilidade, mas também a isenção, a idoneidade e o foco nos superiores interesses da Santa Casa”.
No seguimento do vídeo do Partido Socialista, Galvão Teles lamenta que “ao consentir a realização do vídeo” Luís Rema tenha colocado “a Santa Casa da Misericórdia de Alenquer no centro da disputa político-partidária e permitiu a apropriação da sua actividade por parte do partido político pelo qual milita e se candidata”, admitindo que perante a situação o Provedor “deixou de reunir as condições para continuar a exercer o cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer”.
Justifica ainda a decisão com a quebra do “elo de confiança, solidariedade e lealdade que deve existir entre os diferentes órgãos sociais da instituição […] pelo que não me resta alternativa senão apresentar a minha renúncia ao mencionado cargo”.
De recordar que Galvão Teles foi deputado da Assembleia Municipal de Alenquer, eleito pelo CDS-PP, enquanto desempenhava a função de Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer. João Bernardo Galvão Teles esteve na fundação do TODOS – Movimento Cívico do Concelho de Alenquer.
Santa Casa já reagiu à demissão
Os Órgãos Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer reagiram à demissão, através de um comunicado, e mostram-se “surpreendidos pela renúncia ao cargo” por parte de João Galvão Teles.
O comunicado, assinado pela Mesa Administrativa, deixa ainda alguns esclarecimentos. A nota começa por esclarecer que é da competência da “Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer a aceitação de visitas […] de quaisquer forças políticas, ou movimentos cívicos, no âmbito da liberdade e princípios democráticos”, indicando que “expressões proferidas e imagens, verdades ou inverdades […] são da inteira responsabilidade de quem as produziu”. A mesma nota refere ainda que Luís Rema “não teve qualquer interferência nas intervenções” e que a Mesa Administrativa, e os Órgãos Sociais da instituição não encontram sustentação para a decisão nas razões apresentadas por Galvão Teles. A nota enviada à nossa redação termina agradecendo “a colaboração sempre dada” por João Galvão Teles e “lamenta a demissão”.
Luís Rema está há vários anos à frente dos comandos da Misericórdia de Alenquer, tendo estado também ligado à política local. O atual provedor da Santa Casa de Alenquer desempenhou, antes deste cargo, funções de presidente da Assembleia Municipal e de vereador municipal, eleito pelo Partido Socialista.