150 anos de Palmira Bastos

Em 2025, assinalam-se os 150 anos de nascimento da atriz alenquerense Palmira Bastos. Emanuel Camilo, profissional de Teatro e impulsionador da homenagem, esteve na Voz de Alenquer para partilhar esta iniciativa.

A Biblioteca Municipal de Alenquer recebeu, no dia 10 de maio, uma exposição temática em homenagem a Palmira Bastos, figura emblemática da representação e do teatro, sobretudo no concelho de Alenquer. A exposição foi inaugurada com a presença da neta e da bisneta de Palmira Bastos e pretende assinalar os 150 anos da atriz, que nasceu no dia 30 de maio de 1875, em Aldeia Gavinha.

Em declarações à Voz de Alenquer, Emanuel Camilo, jovem alenquerense e dinamizador da iniciativa, descreveu esta exposição como simples, mas pensada para ser simples, de forma a dar a conhecer a todos quem foi Palmira Bastos e qual o papel que a atriz desempenhou a nível cultural e social no concelho. Filha de um casal de atores espanhóis que tinha uma companhia de teatro itinerante, Palmira Bastos nasceu em Alenquer, porque a mãe “entrou em trabalho de parto e a aldeia mais próxima que existia era Aldeia Gavinha. Então, foi em Aldeia Gavinha que ela foi recebida numa pequena casa e foi lá que teve a sua filha. Palmira Bastos foi depois batizada a 14 de junho, na Igreja de Santa Maria Madalena”, contou Emanuel Camilo.

A aldeia que viu Palmira Bastos nascer tem um largo com o nome da atriz e mobilizou-se, há cerca de 25 anos, para criar um espaço de memória e um museu dedicados a Palmira Bastos. “Nós pensámos reaproveitar esse espaço e restaurá-lo”, começou por contar o jovem, acrescentando que o espaço “estava parado no tempo, porque foi inaugurado em 2000 e, de 2000 até 2025, nunca tinha sofrido nenhuma atualização. Em parceria com a Junta de Freguesia de Alenquer, o Grupo Cénico Palmira Bastos, a Alenculta e o Município de Alenquer, foi possível fazer um restauro e uma atualização do espaço dentro das nossas possibilidades financeiras”.

A pesquisa de informação

De acordo com a informação avançada por Emanuel Camilo, o espólio e os arquivo sobre a atriz estão dispersos por todo o país, obrigando a uma consulta de grandes arquivos, que se estendem da Casa do Artista ao Teatro Nacional D. Maria II e ao Museu Nacional do Teatro. “Estamos a ver jornais de 1890 até 1967, ano em que Palmira Bastos faleceu, aos 91 anos”, explicou. A aproximação e o interesse por parte da família da atriz foram uma mais-valia para a investigação, uma vez que, para além de ter estado representada na homenagem, a família “tem-se disponibilizado para emprestar a digitalização de imensos materiais”. Um dos documentos referidos, que está a ser digitalizado, consiste em dois livros dedicatórios que foram oferecidos a Palmira Bastos e à filha, Amélia Bastos, que também foi atriz. Estes volumes incluem dedicatórias de figuras como a Rainha D. Amélia, Oliveira Salazar, Américo Tomás, Bernardino Machado, Egas Moniz, Gago Coutinho, Teixeira Lopes e Columbano Bordalo Pinheiro, conforme Emanuel Camilo elencou. “Nós tentámos, ao longo deste processo dos 150 anos, ter o máximo de informação disponível e que o espaço fosse enriquecido com essa informação”, acrescentou o promotor.

A homenagem

Dia 30 de maio, pelas 19H00, começa “a cerimónia dos 150 anos do nascimento de Palmira Bastos, no lar Palmira Bastos, em Aldeia Gavinha. Vamos ter a presença de vários atores convidados e de figuras da cultura portuguesa”, começou por explicar Emanuel Camilo, acrescentando que a placa dos 150 anos de nascimento da atriz, que será descerrada nesta homenagem, “vai ser posta do lado de dentro do museu, e não do lado de fora, porque queremos manter a fachada tal e qual como era no tempo em que a Palmira Bastos esteve em Aldeia Gavinha, em 1962. Queremos que a fachada se mantenha intacta”. No seguimento da cerimónia, “vamos ter um pequeno jantar, oferecido pela Junta de Freguesia de Aldeia Gavinha a toda a população e convidados da cerimónia que estiverem presentes”, revelou Emanuel Camilo, acrescentando que haverá espaço para atuações musicais, nomeadamente do grupo de cantares local Os Vindimeiros, ligado ao Grupo Cénico Palmira Bastos, e de outro grupo que o promotor não quis revelar para já.

Apesar do ano simbólico, a homenagem à atriz não se esgota em 2025, uma vez que, de acordo com Emanuel Camilo, para 2026, está planeado o lançamento de uma obra escrita, por parte da Alenculta, que consistirá numa biografia atualizada de Palmira Bastos.

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